Produção de Videoclipe Conceitual
A Construção da Verdade Cênica em "Praia Azul"
Praia Azul”, de Lemuriano & Tuca Mei, nasce como um lamento poético.
Antes de pensar em câmeras, enquadramentos ou locações, mergulhamos na música — buscando compreender o que aquela canção nos dizia:
a letra fala de perda;
a harmonia transmite leveza;
a melodia carrega um desejo que ainda pulsa.
Esse contraste — dor escrita em versos e calor expresso no som — guiou nossa leitura e definiu o princípio que orientou toda a direção.
Daí nasceu o conceito central baseado no contraste: Criamos uma realidade fria e melancólica (a praia), atravessada por lembranças quentes e alegres (a casa) — um encontro de realidades opostas que dão corpo à sensação de perda que ainda respira.
Nossas escolhas foram pensadas para alcançar o essencial: uma emoção verdadeira, daquelas que sustentam o espectador até o último quadro. E, como os próprios músicos assumem o protagonismo cênico, nosso papel foi conduzi-los nesse mergulho: construir com eles a verdade emocional e simbólica que sustentaria cada gesto, cada olhar.
Assim, o roteiro deixou de ser apenas texto — e se tornou corpo, respiração, verdade.
A Construção da Intimidade: Direção de Atores e Performance
Nosso método parte da criação de vivências reais antes de filmar — um processo pensado para alcançar intensidade emocional. Criamos um espaço de ensaio seguro e de experimentação, estruturado para aprofundar a confiança mútua e encontrar a linguagem corporal daquele casal. Nessa imersão consolidamos a “história secreta” que sustentou cada cena.
No set, mantivemos essa atmosfera e o mesmo princípio: filmar sem interromper, revelar sem explicar, estar próximo sem invadir, permitindo que as emoções se manifestassem organicamente.
Usamos a própria música e gatilhos sensoriais — cheiro de café, palavras sussurradas — para reativar memórias afetivas e conduzir o ritmo interno das cenas. Assim, a câmera se tornou uma testemunha íntima da verdade cênica.
Para o público, tudo parece espontâneo. Para nós, é engenharia emocional com rigor técnico.
A Tese Visual: Direção, Fotografia e Arte
A dramaturgia visual se estruturou no contraste entre o calor do que foi vivido e o frio do que restou.
Na fotografia e na arte, a cor foi o elemento condutor para orquestrar esse embate de temperaturas e emoções. Dois espaço-tempos simbólicos sustentam essa construção:
- Passado: Um universo dourado e saturado, em tons de laranja e terracota, onde tudo pulsa vida e aconchego. É a temperatura emocional do relacionamento no seu auge.
- Presente: A praia ao amanhecer, envolta em azuis e cianos, atravessada por um magenta que insiste em pulsar: o calor do amor que se recusa a morrer.
O contraste entre tempos não busca apenas uma diferença cromática, mas uma percepção sensorial da perda — revisitar o passado é o que torna o presente verdadeiramente melancólico.
Figurino — A dualidade Terra e Mar
Transformamos a psicologia dos personagens em textura e cor. O figurino buscou espelhar o que se move dentro de cada um:
- Ela (Coração/Terra): Veste paletas quentes.
- Ele (Mental/Mar): Veste paletas frias.
Juntos, eles formam uma composição visual que traduz o choque entre emoção e razão.
Espaços — O Porto e o Naufrágio
Os cenários não são apenas fundos; eles operam como estados de espírito antagônicos:
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O apartamento: Acolhe (o ninho).
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A praia: Desaloja (a vastidão).
Enquanto o interior protege a intimidade da memória, o exterior expõe a frieza da perda.
O Objeto Simbólico — A Transfusão
Para além dessa dualidade, há o gesto da troca de colares. É o símbolo da transfusão de realidades, onde absorver o outro é também perder um pouco de si. Um gesto simples, e ainda assim infinito, que traduz toda essa tensão.
A Tese da Montagem: Tempo Real vs. Tempo Evocado
A montagem foi o espaço onde toda a arquitetura conceitual convergiu para criar uma experiência de imersão e intensidade emocional. O ponto de tensão entre o presente e as memórias que retornam.
- A Praia — o “Tempo Real”:
Uma performance contínua e linear que desperta empatia e imersão. É dessa imersão que nasce a angústia: sentir a dor dos personagens em toda sua intensidade. A dor se revela na implosão dos gestos, nos olhares que não se sustentam, na dança silenciosa da desconexão. - As Memórias — o “Tempo Evocado”:
Momentos alegres e afetuosos que invadem o presente apenas através de disparos de memória — um toque, um rosto próximo — evocando clímax emocionais precisos. Cada memória é escolhida para criar um elo sensível entre passado e presente.
O presente dói porque o passado ainda arde.
Expansão de Universo: Lançamento Multiformato
“Praia Azul” foi uma campanha autoral, um ecossistema narrativo desenhado para estender o ciclo de vida da música e gerar múltiplos pontos de contato.
Além do filme principal, produzimos:
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Um making of poético (“O Porto e o Naufrágio”);
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Um teaser cinematográfico;
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Uma chamada direta para o lançamento;
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Cinco reels independentes, cada um revelando um aspecto do processo: a canção, o conceito, a parceria, a jornada e a emoção.
Cada peça foi concebida desde o roteiro para ampliar o alcance da obra e transformar a narrativa do clipe em presença contínua de marca, aprofundando o vínculo com a base de fãs.
Para o lançamento, isso significa longevidade: a obra continua gerando conversas e engajamento após a estreia, maximizando o retorno sobre o investimento (ROI) narrativo.
Mergulhe na tradução poética deste processo.
Validação e Ressonância
O impacto de um projeto artístico se mede na ressonância do próprio artista. A validação principal, que define o sucesso do nosso processo completo (da arte à estratégia), é a palavra do próprio artista.
Produzimos um clipe lindo, da música Praia Azul, e em todas as etapas — da concepção do roteiro às ideias de figurino, da montagem à edição de cor — eu me surpreendi com a sensibilidade e o cuidado da equipe.
Faremos mais trabalhos juntos no futuro. Está mais do que recomendado para quem estiver lendo este depoimento."
Recepção do Público
Esses comentários reforçam a profundidade da conexão emocional e mostram como a obra alcançou e envolveu o público, transformando espectadores em participantes da experiência poética do clipe.
A Emoção que Atravessa
Mais do que um registro, Praia Azul é um filme que torna visível o que normalmente passa despercebido: gestos, olhares e memórias que carregam emoção. Cada instante capturado cria presença e intensidade, convidando o espectador a sentir junto dos artistas.
Arte com estratégia é o que atravessa o ruído do mundo: encontra o outro, provoca reflexão e gera ressonância. A emoção é a arte; a estratégia é o que garante que ela seja sentida.
Na Lampejo Filmes, o processo é a própria arte: a direção cria o espaço seguro, e a estratégia potencializa o alcance da emoção.
Qual enigma cênico sua música precisa traduzir?
Artista
Lemuriano
Tuca Mei
Projeto
Videoclipe | “Praia Azul”
(Álbum: Dança da Maré)
Roteiro e Direção
Karol Saldanha
Marcelo Martins Santiago
Direção de Fotografia
Marcelo Martins Santiago
Montagem
Karol Saldanha
Marcelo Martins Santiago
Direção de Arte e Figurino
Construção Coletiva
Arte Gráfica
Lemuriano e Lucas Machado
Segurança
Theodoro Bruno
Música
Composição
Lemuriano
Baixista
Augusto Manso
Baterista
Marcos Vanzillotta
Tecladista
Ramon Marinho
Guitarrista e Produtor
Elísio Freitas
Gravação Musical
Felipe Moura (Estúdio Frigideira)
Produção Executiva
Maura Araújo e Roberto Boavista
Produção Audiovisual
Lampejo Filmes
